Formação na prática: conheça mais sobre o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)
Neste Dia do Professor, licenciandos e supervisores compartilham a experiência com o programa.
Combinar o aprimoramento da formação dos estudantes de licenciatura com a melhoria da educação básica e o fomento à pesquisa e à extensão. Esse é, de forma resumida, o papel do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), uma política conduzida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal Docente (Capes). No Ifes, o Pibid é desenvolvido desde 2009. Atualmente, conta com 534 bolsistas, entre estudantes e professores de licenciaturas do Instituto e docentes de escolas de educação básica.
Participam desta edição do programa 10 cursos de diferentes áreas do conhecimento, em 10 campi do Ifes. São eles: Biologia, dos campi Alegre e Santa Teresa; Física, do Campus Cariacica; Química, de Aracruz e Vila Velha; Geografia, do Campus Nova Venécia; Pedagogia, dos campi Ibatiba, Itapina e Vila Velha; Letras/Português, presencial e à distância, do Campus Vitória; e Matemática, ofertado pelos campi Cachoeiro e Vitória.
Além dos projetos por área, o projeto institucional do Ifes conta com um núcleo interdisciplinar, envolvendo os cursos de Pedagogia e Ciências Agrícolas do Campus Itapina.
O programa funciona da seguinte forma: a Capes destina bolsas às instituições de ensino superior, por meio de aprovação de projeto institucional de iniciação à docência; em seguida, as instituições selecionam bolsistas entre os estudantes de cursos de licenciatura. Os bolsistas passam a atuar realizando atividades pedagógicas em escolas públicas de educação básica, sob supervisão de professores da própria escola onde estão atuando, além de supervisores da instituição de origem.
Nesse espaço, os licenciandos acompanham a rotina de ensino, aplicam e propõem atividades, elaboram materiais, interagem com os estudantes da escola e também refletem sobre a prática docente. O coordenador institucional do Pibid no Ifes, Lauro Sá, explica que isso fortalece tanto a formação do estudante do Ifes quanto aproxima o ensino superior das escolas de educação básica. “Há uma beleza singular no Pìbid, que se revela na articulação entre teoria e prática e na valorização da escola básica como um verdadeiro espaço de formação docente. As ideias discutidas nas licenciaturas ganham vida no cotidiano escolar, dialogando com as experiências, os desafios e as múltiplas realidades das salas de aula”, conta.
Ele reforça que, assim, a formação se torna um movimento de mão dupla: “as licenciandas e os licenciandos aprendem com a prática viva da escola, enquanto a escola se renova com a presença investigativa e sensível das novas gerações de educadoras e educadores”. Lauro destaca ainda que as supervisoras e os supervisores do Pibid nas escolas desempenham um papel essencial como coformadores, mediando saberes, compartilhando experiências e ajudando a transformar cada vivência em reflexão e aprendizado.
O programa contribui ainda para que o Ifes cumpra pontos importantes de missão, atribuída a todos os institutos federais pela lei de criação (Lei nº 11.892/08), dentre as quais está o fortalecimento na oferta de licenciaturas e formação pedagógica (com incentivo à formação de professores para a educação básica).
Confira a seguir as experiências de licenciandos e uma supervisora do Pibid.
Visão mais real e humana da profissão
Yasmin Caldanho de Souza está no 8° período da Licenciatura em Biologia, no Campus de Alegre. Atualmente, ela participa do Pibid pela segunda vez, atuando na Escola Professora Célia Teixeira do Carmo. "Estamos fazendo uma rotação na escola, onde levamos várias coisas lúdicas para os alunos durante o recreio. As rotações vão desde informações, jogos e até experimentos. Também vamos começar um projeto de astronomia com os alunos do 9°ano", contou.

Para ela, o Pibid é uma oportunidade de colocar em prática o que se aprende na universidade e vivenciar de perto a rotina escolar. "Estar dentro da escola, observando as aulas, participando das atividades e tendo contato com os alunos, me fez entender melhor a importância e a responsabilidade do papel do professor. Antes, eu tinha uma visão mais teórica da docência, mas depois do Pibid passei a enxergar a profissão de forma mais real e humana. Essa experiência me ajudou a ter mais segurança e me fez ver o quanto o professor pode transformar a vida dos alunos."
Ela destaca que há uma grande receptividade de estudantes e professores na escola onde está atuando. "Os professores e a equipe gestora sempre nos apoiam e nos ajudam que for preciso. Os estudantes também são bastante participativos e demonstram curiosidade pelas atividades que levamos. Dá pra perceber que eles gostam da nossa presença e se interessam pelas propostas do projeto. Isso torna o ambiente muito agradável e motiva ainda mais a continuar participando e contribuindo com o que aprendemos", destaca.
Na sua opinião, o Pibid é essencial para a formação do professor, pois permite a vivência da realidade da escola. "Além disso, o programa faz com que a gente desenvolva habilidades que só se aprendem com a experiência, como lidar com diferentes situações em sala de aula, planejar atividades e se comunicar melhor com os alunos. É um aprendizado que vai muito além da teoria, e que com certeza faz toda a diferença na nossa formação como futuros docentes", pontua.
Anseio por novidades
O estudante Henrique Santos Silva, do 8º período da Licenciatura em Geografia do Campus Nova Venécia, também destaca a importância da participação no programa. Ele já foi bolsista entre 2022 e 2023, e retornou ao Pibid neste ano, na escola Dom Daniel Comboni. "Atualmente estamos em um momento de embasamento teórico sobre a complexidade da educação brasileira e mundial, abordando temas como a condição de trabalho docente; a relação estudante-professor; e a importância da contextualização do conteúdo. O desenvolvimento de uma atividade na escola sede do programa ficou para o próximo semestre", explica.
Nesta edição do programa, ele reencontrou os estudantes que acompanhou durante a sua primeira participação, enquanto ainda estavam no ensino fundamental II. "Esse reencontro foi muito marcante pois assim que eles viram os ‘pibidianos’ na escola correram para perguntar se traríamos ‘jogos’ para eles como da outra vez. Agora, tendo esse feedback, fica claro como os estudantes anseiam por novidades e como isso fica marcado em sua memória", reforça.
Henrique conta que a experiência na escola é uma forma de aumentar a vivência e também refletir sobre a realidade da docência. "Para mim, a experiência fortaleceu convicções. Por exemplo, posso dizer que a forma de trabalhar os conteúdos de forma associada à vivência dos estudantes faz diferença, ou como a afetividade é parte essencial do processo", destaca.
Investimento que dá resultados
Cátia Aparecida Palmeira é professora da Rede Estadual, mestre em Educação pela Ufes. Ela foi supervisora do Pibid de 2010 a 2020, na antiga escola Desembargador Carlos Xavier Paes Barreto, em Vitória. Atualmente, é supervisora do Pibid na escola Professor Fernando Duarte Rabelo. "Eu conheci o programa em uma reunião que tinha o objetivo de apresentar a proposta para professores de matemática da rede estadual de Vitória. Desde o início fiquei muito interessada. Ter um licenciando de matemática como colaborador em minhas aulas seria uma ótima ideia. Assim que saiu o primeiro edital, me inscrevi e fui selecionada", lembra.

Ela destaca que há benefícios para todos os envolvidos no programa. "Para as escolas que recebem os bolsistas do Pibid, é mais uma colaboração para o desenvolvimento do fortalecimento da aprendizagem matemática buscando reparar as defasagens de aprendizagem. Os estudantes recebem os bolsistas do Pibid com muito entusiasmo. Eles se identificam com alguns deles, e sentem-se muito à vontade para solicitar ajuda para esclarecer suas dúvidas. Curtem muito as atividades diferenciadas que são planejadas."
Para os licenciandos, há a oportunidade de vivenciar a dinâmica da sala nas aulas: os desafios de manter o ambiente favorável à aprendizagem, os sucessos e insucessos experimentados pelos estudantes, os dias de alegria e os de conflitos. "Eles também aprendem a relatar essas experiências através de produções textuais que apresentam em eventos de educação matemática", reforça.
Cátia acredita que esta é uma formação complementar e fundamental, que leva a experiências de muito sucesso para todos. "Foram muitos anos no Pibid e muitas experiências exitosas. É claro e notório que os investimentos na formação de qualidade para futuros professores sempre deram bons resultados. O Pibid está aí confirmando isso. Eu pude presenciar o sucesso acadêmico e profissional de vários ex-bolsistas com quem tive a satisfação de trabalhar", enfatiza.
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